Vai lá longe, na floresta,

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Vai alto pela folhagem
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Vai lá longe, na floresta,

 

          Vai lá longe, na floresta,
          Um som de sons a passar,
          Como de gnomos em festa
          Que não consegue durar…

É um som vago e distinto.
Parece que entre o arvoredo
Quando seu rumor é extinto
Nasce outro som em segredo.

         Ilusão ou circunstância?
         Nada? Quanto atesta, e o que há
         Num som, é só distância
         Ou o que nunca haverá.

                         1-2-1934
Fernando Pessoa (1888-1935),
“Poesias Inéditas”, (1930-1935), Ática, 1955 (imp. 1990)