Sorbus maderensis – Tramazeira-da-madeira

pomos imaturos de tramazeira, cornogodinho, sorveira-brava
Sorbus aucuparia – Tramazeira, Cornogodinho
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captítulo composto por numerosas flores, lava-pé, viomal – Cheirolophus sempervirens
Cheirolophus sempervirens – Lava-pé
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Tramazeira-da-madeira, Sorveira-da-madeira

 

Família: ROSACEAE

Nome científico: Sorbus maderensis (Lowe) Dode

Publicação: 1912

Grupo: folhosa caduca

Nomes vernáculos: tramazeira-da-madeira, sorveira-da-madeira

Hábito: arbusto caducifólio, folhas compostas, imparipinuladas; porte arbustivo alastrado, frondoso de 2-4 m de altura por cerca de 4 m de largura; ritidoma liso, castanho-avermelhado escuro, pontilhado por abundantes lentículas pálidas; numerosos caules erectos, ramos rígidos.

 

Folhas: caducas, alternas, pecioladas, compostas, imparipenadas de 5-15 cm de comprimento, geralmente com (11-)13 a 17 folíolos de 1-4.5 x 0.5-2 cm, elípticos, oblongos ou lanceolados, regularmente serrilhados; verde escuro e glabros por cima, verde pálido e ligeiramente felpudos ao longo da nervura central na página inferior. Adquirem no Outono, antes da queda, belas cores vivas avermelhadas.

Flores: numerosas flores brancas ou creme perfumadas, hermafroditas, pétalas livres de 3-4 x 3-4 mm, glabras e obovadas; aparecem em Junho e Julho, reunidas em corimbos densamente ramificados, compostos, terminais de 2-7 x 3-9.5 cm.

Frutos: abundante frutificação de pomos subglobosos de 8 a 13 mm de diâmetro, agrupados em densos cachos; brilhantes, vermelhos, quando maduros de Setembro a Outubro, contendo cada uma única semente.

Frutifica a partir de 10-20 anos.

Gomos:

Ritidoma: liso, castanho-avermelhado escuro com numerosas lentículas claras, torna-se depois acinzentado sem brilho.

 

Habitat: arbusto rústico de plena luz, a sorveira-da-madeira desenvolve-se actualmente nas zonas mais altas da ilha, de 1500 a 1700 m de altitude, matagais e zonas rochosas, solos moderadamente férteis a rico em húmus, com pH ácido ou neutro, húmidos e bem drenados. Resistência ao frio e ao vento.

Crescimento lento.

Propagação: sobretudo por semente, pois possui alta capacidade germinativa. Rebenta bem de touça.

longevidade desconhecida.

 

Distribuição geográfica: endémica da ilha da Madeira, onde se encontra em número muito reduzido na zona central de maior altitude.

Em Portugal: espécie endémica da ilha da Madeira, ocorre no urzal de altitude. Actualmente apenas localizada no Pico do Areeiro e Pico Ruivo entre 1500-1750 m, e no Paúl da Serra, 1525 m de altitude, que fazem parte da área do Parque Ecológico do Funchal. Os dois núcleos contêm menos de 50 pés, o que torna a espécie muito vulnerável.


 

Usos: uso desconhecido. Os caules de fraca circunferência não permitem aproveitamento. Possui características ornamentais, a desenvolver.

 

A tramazeira-da-madeira (Sorbus maderensis), continua a correr elevado risco de extinção no seu meio natural.

 

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A tramazeira-da-madeira, uma história movimentada

 

É discutível que as causas da raridade deste arbusto sejam devidas à acção do homem ou às condições ecológicas próprias a esta espécie de Sorbus. Facto ainda por estudar e divulgar. Sabemos que quando esta planta fora descoberta por Lowe, já era raríssima no seu meio natural. Actualmente ainda é mais rara ao ponto de se encontrar em estado crítico. Expressão que em língua comum significa, quase extinta. Para que tal não suceda, acções de conservação são urgentemente necessárias. Tais como a recuperação e programas de reintrodução. Controle das ameaças como a predação por ratos, e sensibilizar também a opinião pública.

primeiro: é descoberta por Richard Thomas Lowe

Quando a partir de 1832, o britânico Richard Thomas Lowe, percorreu a Ilha à procura de novas espécies e descobriu nas maiores altitudes a tramazeira-da-madeira (Sorbus maderensis), que descreveu, já esta espécie, desconhecida pelos locais, era rara. Em 1857 publicou o primeiro volume de “A manual flora of Madeira”. A sorveira-da-madeira chegou até nós quase extinta no seu meio natural.

segundo: Rui Vieira, o visionário que preserva

A partir de 1999 a tramazeira-da-madeira ficou protegida por legislação portuguesa ou da Comunidade Europeia, nomeadamente pelo Anexo II e IV da Directiva Habitats. No entanto, só em 2005 é que foram tomadas medidas de protecção deste arbusto endémico, cujo número declinava assustadoramente na sua área natural. Até então, o gado caprino e ovino que por lá pastoreava livremente, impedia esta e outras espécies de se desenvolverem. O gado foi retirado e começaram a aparecer novas plântulas de sorveira. Pensou-se então que este endemismo madeirense estava salvo da extinção. Mas os fogos também alastraram no topo da ilha, destruindo boa parte dos cerca de 100 pés existentes, colocando a espécie em grande perigo de extinção. Sendo o mais castastrófico o de Agosto de 2010 que destruiu grandemente o trabalho de reflorestação com espécies endémicas, levado a cabo  na Ilha.

Felizmente, muito antes, Rui Vieira, primeiro director do Jardim Botânico da Madeira, situado no Funchal, enviara sementes da sorveira-da-madeira para outros países, sendo um deles a Finlândia, com o objectivo de estudo e de conservação da espécie. Actualmente o Jardim Botânico da Madeira possui um “banco de sementes” para preservação das espécies endémicas, estando em contacto com um grande número de jardins botânicos pelo mundo fora. Sendo assim, devem existir exemplares da Sorbus maderensis noutros países como Inglaterra ou França e demais países. Desconhecemos se existem algumas no continente.

terceiro: a salvaguarda da Universidade de Oulu e a da Fundação Martha Gertrud Schön

Concretamente, dois exemplares foram enviados para a Universidade da cidade de Oulu, na Finlândia para estudo da espécie. As consequências dos incêndios de 2010 levaram a universidade conjuntamente com a Fundação Martha Gertrud Schön (que perdeu o seu magnifico orquidário de mais de 43 mil orquídeas, provenientes de todo o planeta, nos incêndios de Agosto de 2016, sem reacção dos oficiais!) a criar o programa “SOS Madeira” com o objectivo de propagar a tramazeira-da-madeira no seu meio natural. A partir destes dois exemplares finlandeses, que cresceram, atingiram a maturidade e dos quais se obtiveram 50 plantas que foram enviadas graciosamente para Funchal em 2014. As plântulas foram plantadas nas acções de reflorestação da área afectada pelos fogos de 2010, nos perímetros florestais do Poiso e Santana» (a norte da ilha da Madeira).

Os finlandeses ao estudarem a sorveira-da-madeira, constataram que esta possui 60% do ADN em comum com a Sorbus aucuparia – tramazeira.

No ano seguinte, em 2015 “SOS Madeira-Sorbus maderensis”, entregou mais 700 plantas que foram também plantadas, no seu meio natural.

 

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A tramazeira-da-madeira, é uma das raras plantas de folha caduca da Ilha

A tramazeira-da-madeira é uma das raras plantas de folha caduca existente na Laurissilva. Esta tem por característica de ser essencialmente constituida por plantas de folha perene. A restante componente da flora endémica madeirense também de folha caduca são a roseira-brava (Rosa mandonii), e o sabugueiro-da-madeira (Sambucus lanceolata).

 

 

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