duas zonas de distribuição disjuntas do rododendro em Portugal
As alterações climáticas do Quaternário reduziram a área da adelfeira ao norte de Portugal e às montanhas altas do sul da Península onde encontrou, as condições climáticas ideais de sobrevivência. Os rododendros destas estações peninsulares, (considerados por alguns especialistas como uma subespécie do Rhododendron ponticum), encontram-se hoje isolados uns dos outros. Isolação que levara certamente as populações locais a designar a mesma planta com vocábulos diferentes. Assim as palavra “adelfeira” ou “adelfa” são termos utilizados na Serra de Monchique e arredores para designar esta variedade de rododendro, enquanto que nas Beiras, utiliza-se na região de Oliveira de Azeméis o termo “redondouro” e na serra do Caramulo o termo “loendro” ou “loendreira”. Este nome vulgar “loendro”, designa também uma outra planta muito comum em jardins públicos e particulares que é a Nerium oleander, também conhecida por “cevadilha”. Convém não as confundir, pois são bem distintas tanto no aspecto, como na frequência e distribuição no território nacional.
A existência de duas subespécies de Rhododendron ponticum que possui duas zonas de distribuição distintas: região do Pôntico e oeste da Península Ibérica não é consensual entre especialistas. Apesar disso apontam-se algumas diferenças entre as duas subespécies, que são:
– Rhododendron ponticum subsp. ponticum. (Turquia, Bulgária e Cáucaso). Tem pedicelos glabros e folhas de 12 a 18 cm de comprimentos,
– Rhododendron ponticum subsp. baeticum (Boiss. & Reut.) Hand.-Mazz. (Espanha e Portugal). Tem pedicelos e botões pubescentes e folhas de 6 a 16 cm de comprimento.
A subespécie ibérica é considerada vulnerável na sua área de origem. No entanto, o Rhododendron ponticum foi introduzido nas Ilhas Britânicas desde a segunda metade do século XVIII e em seguida no resto da Europa. Encontrou então condições climáticas satisfatórias a pontos de se tornar invasor; o que leva actualmente a Irlanda, a Inglaterra, o norte de França, e a Bélgica a campanhas de destruição deste rododendro que é acusado de diminuir as biodiversidades locais.
Todas as partes do rododendro são tóxicas. Esta característica explica a sua destruição como planta indesejável nas matas e nos campos de cultivo por parte dos proprietários de gado, embora os rebanhos rapidamente aprendem a evitá-la.
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MAIS DE 1000 ESPÉCIES DE RODODENDROS
O género Rhododendron inclui cerca de 1200 espécies espalhadas em todo o globo, ainda que a maior diversidade ocorra na parte sudeste da cordilheira dos Himalaias; só oito espécies subsistem na Europa. Alguns são comummente chamados rododendros (arbustos com flores grandes) e azáleas (plantas cujas flores e folhas são menores). Ambos fazem parte do mesmo género e pertencem à grande família das Ericáceas.
Entre os rododendros existem:
– variedades precoces, com floração entre finais de Março e início de Maio,
– variedades de meia-época com floração durante Maio,
– variedades tardias com floração entre finais de Maio até finais de Julho.
Os rododendros híbridos (muito numerosos no comércio) são arbustos que normalmente podem alcançar 2 a 5 metros de altura, mas com um crescimento lento. Os rododendros gigantes, são árvores que atingem 15 metros e que se concentram essencialmente nos Himalaias. Quanto aos rododendros anãos, estes não excedem um metro de altura e são ideais em pequenos jardins.
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O MEL DE RODODENDRO SEGUNDO XENOFONTE
Segundo algumas fontes, o mel das flores de rododendro asiático causaria transtorno intestinal. Assim Xenofonte (430-355 a.C.), descreve na sua obra “Anábase” o estranho comportamento de soldados gregos durante a Primavera de 401 a.C. nas montanhas da Cólquida, que procuravam recuperar o Tosão de Oiro. Depois de terem comido mel de uma povoação cercada por rododendros, todos os que comeram esse mel ficaram loucos, vomitaram e perderam as forças. No dia seguinte, os gregos recuperaram a razão, e quatro dias mais tarde, recuperam as forças. Quatro séculos depois, o mesmo aconteceu com o exército de Pompeu naquela região: Plínio o Velho, observou que alguns soldados foram vítimas de um mel que « dá em louco ». Em ambos os casos, tratava-se do mel de flores de Rhododendron ponticum. Actualmente é reconhecido que o mel resultante desta planta possui efeitos alucinogénicos, laxantes, distúrbios do sistema nervoso, respiratório e doenças cardiovasculares.
(Adaptado, OM)