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Aderno, Aderno-de-Folhas-Largas

ADERNO : ABREVIADO

O aderno ou aderno-de-folhas-largas é uma árvore que aprecia o calor em solos algo húmidos e Invernos suaves. Talvez por essa razão seja mais comum encontrá-la perto da costa, sem que esta distribuição seja absoluta. É também uma das primeiras plantas a florir na nossa paisagem. Mal chega Janeiro, que o aderno abre as suas numerosas e brancas flores perfumadas.
Existem poucos adernais no território, um deles, autêntica relíquia encontra-se na Mata Nacional do Buçaco com altas e veneráveis árvores. Também na Mata Municipal do Bombarral, onde foram tiradas parte das fotos aqui apresentadas é fácil observar seculares adernos com mais de 15 metros de altura, com os seus magníficos troncos retorcidos e sulcados.

 

DESCRIÇÃO

Arbusto ou pequena árvore de folha perene, habitualmente, com até 3 a 8 metros de altura, podendo chegar aos 15 m e mais. Possui copa densa, arredondada; caule(s) ramificado(s) desde a base, depois tronco sulcado e flexuoso quando idoso; ritidoma glabro e cinzento tornando-se com a idade finamente reticulado; ramos jovens erectos, depois divergentes; galhos delgados, cinzentos ou acastanhados e raramente pubescentes.

Folhas opostas, coriáceas, simples, quase sésseis, elíptico-oblongas a ovado-lanceoladas, com 4-7 x 1-3cm e com 7-11 pares de nervuras evidentes. Folhas dimórficas, sendo as dos primeiros rebentos cordiforme-ovadas e de margens serradas, subespinhosas, enquanto as restantes, são ovado-elípticas ou ovado-lanceoladas, agudas, inteiras ou finamente serrilhadas; verde-intenso na página superior e verde mais claro na inferior.

Numerosas pequenas flores branco-esverdeadas, cheirosas, hermafroditas, agrupadas em inflorescências na axila das folhas do ano anterior. Cálice campaniforme, curto, amarelado e com 4 segmentos triangulares; corola de quatro pétalas abertas em estrela. Estigma alongado e com lóbulos agudos. A floração ocorre de Janeiro a Abril.

Drupa globosa ou ovóide, apiculada de 7×10 mm, do tamanho de uma ervilha, creme primeiro, depois avermelhada e negro-azulada quando madura, com uma semente, raramente duas, esférica, rugosa e acastanhada. Maturação dos frutos a partir de Setembro e Outubro. Os frutos que não são comestíveis para os humanos, são muito apreciados por pássaros como o pisco-de-peito-ruivo e a toutinegra-de-barrete-preto, que participam na dispersão do aderno.

O ritidoma é primeiro glabro e branco-acinzentado pontuado de lentículas; com a idade, o tronco torna-se escamoso e gretado, depois nodoso com sulcos e nos mais idosos com cavidades à semelhança do tronco das oliveiras.

 

ECOLOGIA

Árvore de plena luz, o aderno ocorre em bosques mediterrânicos, matos altos de substituição, sebes e encostas. Aprecia os Verões quentes e os Invernos suaves sem fortes geadas, embora lhe seja reconhecida uma certa rusticidade ao suportar, pontualmente, temperaturas negativas; tolera também exposição marítima. Aceita todo o tipo de substrato, inclusivo os pobres em matéria orgânica, desde que contenham alguma humidade. Possui crescimento lento, cerca de 2 m em 10 anos. Vegeta desde o nível do mar até 600 m no nosso País, mas cresce até 800 m e mais noutros territórios da sua área natural.
Longevidade superior a 400 anos.
Propaga-se por semente, estaca e alporquia; rebenta bem de touça.

 

 DISTRIBUIÇ­ÃO

Distribui-se pelo Sul da Europa – região mediterrânica: Grécia, Itália e Ilhas, França, Espanha, Baleares e Portugal, Noroeste de África: Argélia, Tunísia e Marrocos, e Sudoeste Asiático: Turquia, Síria, Líbano e Israel.

No território português é frequente na Beira Litoral, Estremadura, Alentejo Litoral e Algarve, rara a ausente nas províncias do Norte, do interior, fora o Vale do Douro, e zonas montanhosas.

 

USOS

Madeira

Possui madeira dura, pesada, de grão muito compacto, de cor clara, indo do branco ao amarelado; tem cheiro desagradável. Difícil de trabalhar serviu aos segeiros na construção de carroças e carriolas. Fornece combustível e carvão de qualidade.

Ornamental

Outrora, fora uma planta muito utilizada como ornamental nos jardins lusos e porque suporta bem a poda; mas durante o século XIX e XX a importação de perenifólias oriundas do Japão e da China eclipsou-a, no entanto, desde algumas décadas que tem vindo a recuperar o seu valor ornamental.

Resistente à poluição urbana.

 

ADICIONAL

uma só espécie de aderno

Na “Flora Ibérica” encontra-se uma observação sobre a variabilidade deste táxon, principalmente pelas folhas e frutos. Retirando assim, a diferenciação entre Phillyrea latifólia e Phillyrea media L. que é actualmente considerada uma mesma espécie e na qual a variabilidade corresponde ao hábito da planta e a suas adaptações.

como distinguir o aderno do aderno-bastardo

O aderno (Phillyrea latifólia) e o sanguinho-das-sebes ou aderno-bastardo (Rhamnus alaternos), podem ser confundidos, pois têm semelhanças e ocorrem por assim dizer em espaços comuns. Duas características do aderno ajudam a distingui-lo do sanguinho-das-sebes:

1° a inserção das folhas do aderno é oposta, enquanto as folhas do aderno-bastardo são alternas.

2° o tronco do aderno adulto é entrançado, enquanto que o do aderno-bastardo é relativamente liso e de pequenas dimensões.

Família: OLEACEAE

Nome científico: Phillyrea latifolia L.

Publicação: 1753

Grupo: folhosa perene

Nomes vernáculos: aderno, aderno-de-folhas-largas

 

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