Picconia azorica – Pau-branco

bagas maduras de pau‑branco, branqueiro - Picconia excelsa
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Pau-branco dos Açores

ABREVIADO

O pau-branco dos Açores – Picconia azorica – é um arbusto duplamente endémico. De facto, como espécie, encontra-se restrita às ilhas dos Açores, e como género “Picconia”, é um endemismo da Macaronésia, grupo de ilhas atlânticas de que faz parte os Açores. A outra espécie deste género é Picconia excelsa, um endemismo das Canárias e da Madeira.
Como muitos endemismos açorianos, o pau-branco tem sofrido um grande desgaste no seu habitat, sobretudo devido à redução da área de ocupação, chegando a estar em perigo de extinção. Actualmente, segundo o IUCN (2016), este arbusto encontra-se numa situação estável. Será necessário continuar as medidas de protecção pelas entidades locais. Contudo, continua a ser afectado pela utilização das terras que naturalmente ocupava com fins agrícolas (agricultura e florestas plantadas, essencialmente criptoméria), e pela competição de espécies exóticas, como o incenso que a favor de um controlo rigoroso, permitirá a persistência do pau-branco no seu habitat. Nota-se igualmente que a redução das populações de aves frugívoras participa neste processo.
Arbusto ou pequena árvore sempre-verde até 8 m de altura; tronco robusto, esbranquiçado; folhagem densa, brilhante e verde-escuro.
Flores brancas em ramalhetes, seguidas por frutos pequenos e anegrados quando maduros.

 

 

MORFOLOGIA

O pau-branco dos Açores é um arbusto ou pequena árvore monóica de folha perene, com um porte até 8 m de altura, podendo alcançar em boas condições 12 m. Copa normalmente arredondada, aberta, algo emaranhada, com abundante ramificação ascendente; folhagem densa, verde-escuro; ritidoma esbranquiçado.

Folhas inteiras de 3–6 (10) X 1–3 (6) cm, decussadas, lanceoladas a ovadas, curtamente pecioladas, coriáceas e glabras; página superior verde-escuro brilhante e página inferior verde, com nervura central saliente e as sencundárias ténues.

Flores hermafroditas, pequenas, brancas, com 4 lobos, destacando-se duas grandes anteras amarelas; dispostas em pequenos cachos axilares; ocorrendo a floração entre os meses de Março e Junho.

O fruto é uma drupa carnuda, ovóide, até 1,5 cm de comprimento, largamente pedicelada; verde primeiro, fica azul-púrpura escuro ou anegrada quando madura nos meses de Julho/Agosto; contém uma única semente.
Frutifica por volta dos 10-15 anos.

O ritidoma do tronco apresenta casca lisa e esbranquiçada.

 

ECOLOGIA

É hoje uma rara componente da floresta nativa açoriana, que ocorre em arribas costeiras, ravinas, encostas, desde o nível do mar até cerca de 660 m de altitude, tendo maior ocorrência entre 300 e 600 m.
Presentemente, as formações dominadas por pau-branco são extremamente raras, geralmente encontra-se disperso em bosques de faia-da-terra, ou samouco (Myrica faya) e incenso (Pittosporum undulatum); restringindo-se a locais secos e abrigados, ou com média exposição aos ventos, em solos bem drenados e sem encharcamento. É possível avistar exemplares com mais de 10 m de altura, em Santa Maria e no Varadouro na ilha do Faial – área da Rede Natura 2000; relíquia das formações originalmente bastante mais extensas na paisagem açoriana.
Longevidade desconhecida.
Propaga-se por semente.

 

DISTRIBUIÇ­ÃO

O pau-branco dos Açores (Picconia azorica), é um endemismo açoriano, presente em todas as ilhas do arquipélago, excepto Graciosa.

 

USOS

O pau-branco possui madeira branco-rosada, dura, pesada e sólida. Características reconhecidas desde o povoamento das ilhas, em meados do século XV; qualidades que a tornaram adequada para marcenaria e carpintaria; foi também intensamente utilizada na construção de carroças, alfaias e ferramentas agrícolas.
Resistência à poluição urbana: desconhecida.

 

ADICIONAL

Razões do Declínio do Pau-branco dos Açores

As razões para a fragmentação e regressão do habitat do pau-branco dos Açores, são várias e sempre relacionadas com acção humana. No princípio da colonização, os primeiros habitantes começaram por desbravar o coberto vegetal e ocupar o espaço onde pudessem construir as habitações, na procura de terras para a agricultura assim como o corte do pau-branco pela madeira.
Mais recentemente, novas espécies exóticas com carácter invasor, têm vindo a ocupar grande parte do que restava do habitat do pau-branco. Nomeadamente o incenso (Pittosporum undulatum) a conteira ou jarroca (Hedychium gardneranum) e a mimosa (Acacia dealbata). A expansão da pastagem e da floresta cultivada, essencialmente representada pela criptoméria (Cryptomeria japonica), que ocupa hoje cerca de 60% da área florestal de produção no Arquipélago. A criptoméria é aos Açores o que o eucalipto é ao continente!
Esta situaçao levou a IUCN a considerar a espécie em perigo em 2012; no entanto, a mesma IUCN em 2016 considera a espécie de “menor preocupação” com tendência estável da população, mas alerta para a perda de diversidade genética devido à fragmentação das populações existentes de pau-branco. Este endemismo açoriano, encontra-se protegido pela Directiva Habitats 92/43/CEE – Anexo II e pela Convenção de Berna de 1995 – Anexo I.

Outro aspecto de interesse ecológico do pau-branco açoriano, é o facto de as suas bagas serem ingeridas por aves, incluindo espécies protegidas como o pombo‑torcaz-dos-açores, subespécie endémica, (Columba palumbus azorica) e o priolo, espécie endémica, (Pyrrhula murina). Estas aves ao alimentarem-se dos frutos da Picconia azorica, favorecem o processo de dispersão deste arbusto dentro e entre ilhas, nas terras ainda não ocupados pela floresta intensiva de criptomérias.
Ambas as aves encontram-se numa situação “vulnerável”, segundo a IUCN. Estas encontram-se protegidas pela Directiva das Aves 79/409/CEE – Anexo I e pela Convenção de Berna de 1995 – Anexo I.

O viveiro da vila do Nordetes tem plântulas de pau-branco

Se pretende plantar o pau-branco dos Açores, pode encontrar plântulas de pau-branco em vários viveiros do arquipélago, sob administração da Direcção Regional dos Recursos Florestais. Um deles, é o Serviço Florestal que se encontra no município do Nordeste, na ilha de São Miguel. Nesta vila é também possível visitar o Jardim Botânico da Ribeira do Guilherme, com abundante cobertura vegetal típica das florestas da Laurissilva.

 

Fotografias de Pau-branco dos Açores

Três das quatro fotografias que ilustram esta ficha provêm do sítio oficial do Governo dos Açores, SIARAM: http://siaram.azores.gov.pt/flora/flora-vascular/pau-branco/1.html

Listamos igualmente outros sítios oficiais ou privados, com interessantes fotografias de pau-branco dos Açores. Clique nas ligações para visualizar:

https://acores.flora-on.pt/#/0WFbH
http://www.azoresbioportal.angra.uac.pt/listagens.php?lang=en&sstr=4&id=F00562
https://dias-com-arvores.blogspot.com/2012/10/pau-enegrecido.html
http://obotanicoaprendiznaterradosespantos.blogspot.com/2017/10/endemicas-dos-acores-19-pau-branco.html
http://www.floraiberica.es/anthos_fotos/index.php
https://www.pharmanatur.com/Azores/Picconia%20azorica.htm


 

Família: OLEACEAE 

Nome científico: Picconia azorica (Tutin) Knobl.

Publicação: 1934

Grupo: folhosa perene

Nomes vernáculos: pau-branco (Açores)

 

 

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