numerosas utilizações da murta
Raras são as plantas com tantas aplicações e usos como a murta, para além de ornamental, possui aplicações em vários domínios, a estas junta-se a carga simbólica que acarreta através o mito de Myrrha.
Os frutos designados por mastruços ou murtinhos são comestíveis e utilizados na culinária italiana, onde aromatizam guisados e molhos. Na cozinha portuguesa, utiliza-se as folhas como o loureiro de modo a realçar carnes de sabor forte, como o borrego. Também com as bagas de murta se pode elaborar, compotas e licores, como o famoso licor ou digestivo “Arrabidine”; licor tradicional da Arrábida, inventado pelos monges da serra do mesmo nome.
Em perfumaria, o óleo essencial extraído das suas folhas (cujo aroma se assemelha ao da flor da laranjeira), entra na composição de numerosos perfumes e cosméticos, nomeadamente a “Água-de-Anjo”, perfume popularizado pelos Médicis, e que teve grande sucesso no século XVII e parte do século seguinte.
Como planta medicinal, possui propriedades como anti-séptica, desodorizante e anticatarral. Por fim, é extraído da casca, raízes e folhas, taninos, utilizados na indústria dos curtumes.
O mito de Myrrha
Na cultura clássica, a murta era uma planta sagrada, na qual gregos e romanos viam o símbolo da Paz e do Amor; por extensão era também o símbolo da juventude, da beleza e da fecundidade. A murta era consagrada à deusa Afrodite dos gregos e à Vénus dos romanos. Esta relação entre a murta e a divindade do Amor, faz que ainda hoje perdure a tradição, um pouco por toda a Europa, da presença de flores brancas de murta nos ramos de noiva ou em grinaldas honoríficas.
Como no caso do loureiro (Laurus nobilis), a origem mítica da murta, encontra-se nas “Metamorfoses”, Livro X, de Ovídio. Embora no mito “Metamorfose de Myrrha”, a planta citada seja a mirra, com a qual se honravam os deuses. No entanto, muitos autores consideram que Vénus, também apelada Múrcia, a planta na qual se transformou Myrrha, não é a mirra que cresce na Arábia, mas a murta que existe na ilha de Chipre, onde vivia Myrrha.
“Adónis é filho da relação incestuosa de Mirrha com seu pai, rei de Chipre. Ao reconhecer o erro, Mirrha pede aos deuses que a castiguem. A deusa Afrodite, compadecida, acaba por a transformar num pé de mirra para que escape ao seu trágico destino. Dez meses mais tarde, do seu tronco, nasceria Adónis.”