Sorbus latifolia – Mostajeiro-de-folhas-largas

frutos maduros da sorveira-branca, botoeiro, mostajeiro-branco – Sorbus aria
Sorbus aria – Mostajeiro-branco
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página superior de mostajeiro, mostajeiro-das-cólicas, cores outonais – Sorbus torminalis
Sorbus torminalis – Mostajeiro
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Mostajeiro-de-Folhas-Largas

 

Família: ROSACEAE

Nome científico: Sorbus latifolia (Lam.) Pers.

Publicação: 1806

Grupo: folhosa caduca

Nomes vernáculos: mostajeiro-de-folhas-largas, mostajeiro

Hábito: pequena árvore caducifólia, robusta, frondosa, com porte até 10-12 m de altura, raramente 15-20 m, mas pode ter porte arbustivo; apresenta copa simétrica, piramidal a colunar aberta, cimo geralmente arredondado; tronco direito com casca lisa e cinzenta (não sendo raro a existência de vários caules), torna-se depois gretado, com pequenas placas longitudinais pardo-cinzento; ramos robustos ligeiramente ascendentes; raminhos pubescentes com lenticelas, depois glabros, brilhantes e vermelho-acastanhados.

 

Folhas: caducas, simples, alternas, elípticas a ovado-elípticas com 5-12 cm de comprimento por 5-13 cm de largura, por assim dizer tão largas quanto longas, base cunheada ou truncada; duplamente serradas e lobadas, sendo os 3-5 pares de lobos laterais aproximadamente triangulares, pouco profundos; estes diminuem de tamanho da base ao ápice; pecíolo igualando ¼ do limbo, tomentoso de 1 a 2,5 cm; lâminas tomentosas ao desabrochar nas duas faces, a superior passa depois a verde-escuro e glabra, enquanto a inferior permanece tomentosa branco-acinzentado; com 7 a 9 pares de nervuras secundárias salientes que a partir da nervura principal formam um ângulo aberto para as nervuras basais e agudo para as restantes. No outono ficam amarelas a amarelo-ruivo vistoso. De notar que as folhas desta espécie também possuem uma grande plasticidade polimórfica, com limbo ligeiramente amarfanhado.

Flores: inflorescência de Maio a princípios de Junho em corimbos achatados, com cerca de 8 cm de diâmetro, pouco ramificados, densamente pilosos; flores hermafroditas, completas, de 2 cm de diâmetro com receptáculo tomentoso, 5 pétalas brancas, livres, até 5 mm, glabras ou quase, sépalas tomentosas nas duas faces; ovário com 2-3 carpelos unidos na parte inferior, 2 a 3 carpelos inteiramente soldados, 2 a 3 estiletes de 4-5 mm soldados no terço inferior e cerca de vinte estames; anteras esbranquiçadas.

Frutos: numerosos pomos carnudos subglobosos de 1 cm a 2 cm de diâmetro, coroados pelo cálice; verdes primeiro, tornam-se amarelados a castanho-alaranjados mate, uma vez maduros; pontilhados por numerosas lentículas pálidas; cada fruto cotem 1 ou 3 sementes, algumas podendo serem estéreis. Frutificação de Setembro a Outubro. Os frutos permanecem na árvore depois da queda das folhas; comestíveis, mas insípidos, são alimento predilecto dos pássaros que disseminam a espécie.

Frutifica a partir de  ± 15 anos

Gomos: ovóides a subagudos de 5-9 mm sem viscosidade, verdes a castanho-claro, com 4-5 escamas glabras e orladas por margens escariosas castanho-escuro.

Ritidoma: primeiro cinzento lenticelado, torna-se na maturidade cinzento-acastanhado, fissurado e finamente escamoso.

 

Habitat: árvore rústica, soalheira, que suporta um leve coberto. Ocorre geralmente dispersa em matagais e bosques decíduos ou mistos: carvalhais, pinhais, perto de linhas-de-água, ou zonas montanhosas. Tem no entanto preferência por clareiras e orlas de bosques decíduos, onde encontra plena exposição à luz solar e pouca concorrência com outras árvores. Indiferente ao tipo de substrato, prefere locais com alguma humidade e pobres; não suporta secas estivais; possui enraizamento profundo e resiste a ventos fortes. Espécie pioneira colonizadora de baldios, declives e terrenos abandonados.

Vegeta geralmente em altitudes de 500 a 1000 m, com boa adaptação ao frio, suportando ± 20 °C negativos.

Propagação: principalmente por semente, também por separação dos pimpolhos (reprodução vegetativa), mas fraco vigor dos rebentos de touça. Crescimento lento com longevidade entre 120 e 150 anos.

 

Distribuição geográfica: espécie rara, endémica da Europa ocidental; ocorre de Portugal, Espanha, Grã-Bretanha, França, Alemanha até à Hungria e Norte Oeste de África. Na Península Ibérica é uma espécie escassa que se encontra principalmente no norte e centro da mesma.

Em Portugal: árvore nativa, mas rara entre nós, é espontânea nos bosques caducifólios de média altitude, até 1000 m, principalmente de carvalho-negral (Quercus pyrenaica) da Beira Alta, onde localmente pode ser abundante, essencialmente na região da Guarda e do Sabugal, onde devido aos incêndios apresenta um porte amoitado. Existe também na Serra da Estrela e provavelmente em Trás-os-Montes.


 

Usos: os pomos do mostajeiro-de-folhas-largas são pouco saborosos, no entanto, é-lhes atribuido um ligeiro sabor acidulado. Podem ser consumidos cozinhados ou crus, depois de sorvados, mas sem excesso. O melhor é deixá-los para proveito dos pássaros, que esses, podem comê-los sem restrição e com guloseima.

Madeira muito homogénea, de densa a muito densa, dura, fácil de trabalhar, estável, resistente e duradoura. Actualmente é utilizada no fabrico de instrumentos de medição e de desenho, partes de mecanismos para pianos e cravos, instrumentos de sopro e tubos de órgãos, marcenaria, folheados decorativos e esculturas.

Árvore com grande interesse ornamental que resiste à poluição atmosférica.

 

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Género Sorbus

O género Sorbus tem mais de 200 espécies de árvores e arbustos, todas situadas nas regiões temperadas do Hemisfério Norte, incluindo as sorveiras e mostajeiros. Distinguíveis pelo tipo de folhagem. Os mostajeiros têm folhas inteiras, e as sorveiras folhas compostas, mas em português esta distinção não é absoluta. Todas as espécies do género têm em comum as flores em corimbo, muito melíferas, frutos vistosos e folhagem com belas tonalidades no Outono.

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O mostajeiro-de-folhas-largas, uma espécie de origem híbrida

 

Antes de prosseguir, vamos esclarecer de forma simplificada o conceito de hibridização, que não deve ser confundido com o conceito de variedade. A hibridização é o resultado do cruzamento genético ou fertilização (natural ou artificial) entre dois genitores distintos de espécies vegetais ou animais, mas geralmente próximas.

A hibridização é frequente entre plantas e árvores no meio florestal, como carvalhos, pinheiros, choupos e muitas espécies da família das rosáceas (árvores frutíferas).

O resultado desta fertilização, quando viável, é um indivíduo híbrido que não pertence nem a uma, nem a outra das espécies genitoras, e adquire características próprias, na maioria dos casos intermédios entre as duas espécies progenitoras. Duas eventualidades são então possíveis, pois os híbridos podem ter dificuldades em se reproduzir

– se por reprodução sexual tiverem descendentes com características homogéneas, idênticos uns aos outros e idênticos aos seus genitores, diz-se que são híbridos fixos. Não sendo mais necessário a presença das duas espécies progenitoras para que os híbridos fixos se perpetuem naturalmente. É o caso do mostajeiro-de-folhas-largas, que se reproduz no meio natural sem a presença dos progenitores, capaz de preservar e de transmitir às futuras gerações as novas características da espécie.

– se pelo contrário, a descendência dos híbridos tiver várias morfologias ou, se é incapaz de reprodução sexual, diz-se que são híbridos simples.

O mostajeiro-de-folhas-largas é suposto ser um híbrido entre o mostajeiro-branco (Sorbus aria) e o mostajeiro (Sorbus torminalis). Um grande número de mostajeiros híbridos, não fixos, ocorrem na Europa. As folhas destes, sempre pubescentes na página inferior, são geralmente menos largas em direcção da base, ou mais ovóides (semelhante ao mostajeiro-branco), ou mais lobadas (semelhante ao mostajeiro).

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