MADRESSILVA-das-BOTICAS
A madressilva-das-boticas pode ter um porte arbustivo, e não apenas o de uma trepadeira. Tem folhas caducas, com floração que no nosso País, vai de Abril a Setembro. As suas flores exalam uma fragrância muito intensa e agradável, especialmente à noite para atraír os seus polinizadores, sobretudos borboletas nocturnas.
Existem duas outras espécies autóctones: a madressilva-caprina (Lonicera etrusca) e a madressilva (Lonicera implexa). Ambas de folha perene.
DESCRIÇÃO
Hábito: arbusto trepador caducifólio de 2 a 6 m de altura; caules lenhosos, acinzentados, ramificado desde a base, com ramos longos, abundantes e entrelaçados; ramos jovens e terminais, verde-acastanhados, densamente pilosos, flexíveis, algo volúveis; flores perfumadas, tubulares bilabiadas, branco-creme e depois amarelas por fora, reunidas em capítulos pedunculados. Frutos vermelhos, algo tóxicos.
Folhas simples, de margem inteira sinuadas, oposto-cruzadas, elípticas a oblongas, com 8-75 x 4-45 mm e decíduas; folhas dos nós distais não adunadas, mas pecioladas até 13 mm, ou subsésseis, agudas ou apiculadas. Limbos com nervação peninérvea, glabros ou glabrescentes, delgados; verdes na página superior e glaucas na página inferior.
Flores hermafroditas, tubulares bilabiadas com cerca de 10 cm de diâmetro; cálice de 2 a 5 mm, com 5 dentes; a corola, forma um tubo fino de abertura bilabiada, inicialmente branca-cremoso, adquire depois a coloração amarela, raramente tingidas de vermelho, rosada antes de desabrochar; glabrescentes e glandulosos. O tubo termina com dois lábios, o lábio superior tem 4 pétalas fundidas, ou seja, 4 lóbulos curtos e o inferior indiviso. Androceu com 5 estames livres, exsertos, com anteras amarelas; ovário ínfero com estilete filiforme e estigma globoso. Flores muito perfumadas reunidas em capítulos terminais, bracteados, com pedúnculos de 8 a 20 mm, compostos por 4-17 flores, com pedicelos subsésseis. Floração de Abril a Setembro, com maior ocorrência de Maio a Julho.
O fruto é uma pseudobaga carnuda, glabra, de (5,5)8-9(11) mm, globosa, avermelhada e tóxica; contém geralmente entre 5 a 7 sementes finamente alveoladas, castanho-amareladas. Período de maturação dos frutos de (Julho)Setembro a Outubro que são muito apreciados pelas aves.
O ritidoma dos caules lenhosos, geralmente torcidos é cinzento-acastanhado, algo estriado, podendo desagregar-se facilmente em tiras – os raminhos têm uma cor verde-acastanhado, tornando-se depois, cinzentos também.
Os Gomos são pequenos, cónicos e opostos (raramente 3 em um verticilo). Cobertos por escamas castanho-claras.
ECOLOGIA
Planta de plena luz ou de meia-sombra, de clima atlântico ou, sub-mediterrânico que se desenvolve nas orlas e clareiras de bosques de quercíneas, matas, matagais, matos ombrófilos, sebes dos campos, cursos de água e outros locais húmidos e sombrios. Ocorre em vários tipos de substratos ricos em matéria orgânica, algo húmidos, com preferência pelos siliciosos. Desenvolve-se até 800 (1200) m, tolerando temperatura até -22 ºC. Tem crescimento rápido e longevidade que ronda os 40 anos.
Propaga-se por semente, semear logo que os frutos estejam maduros. Por reprodução vegetativa: com estacas semilenhificadas, no Verão; por estacas do ano, ou mergulhia, no Outono.
DISTRIBUIÇÃO
A madressilva-das-boticas é um arbusto nativo da Europa: Portugal, Espanha, França, Reino Unido, Benelux, Dinamarca, Suíça, Alemanha, Polónia, sul da Noruega e Suécia. Presente também na Turquia e Cáucaso, assim como em Marrocos.
Distribui-se pelo Norte e Centro colinoso e de baixas altitudes, raro nas terras quentes do Sul, excepto o Oeste Algarvio. Introduzida e assilvestrada nos Açores e na Madeira.
USO
A madeira da madressilva-das-boticas, tem a particularidade de ser verde. Embora possa haver caules com um diâmetro apreciável, não tem uso conhecido.
A madressilva-das-boticas nos jardins
A madressilva-das-boticas, como as restantes espécies do género Lonicera, é muito apreciada como planta ornamental em cercas e muros, devido às suas bonitas e aromáticas flores. Mas por razões desconhecidas, é pouco plantada nos jardins portugueses, onde a espécie asiática Lonicera japonica, é preferida.
COMPLEMENTAR
Existem duas subespécies de Lonicera periclymenum
Existem duas subespécies dentro da espécie: – subsp. periclymenum – subespécie nominativa com características – folhas superiores agudas, sésseis, com poucos pêlos e nunca glaucas na página inferior – e alcance coincidentes com as características e área da espécie, com excepção do extremo sul da Península Ibérica – subsp. hispanica (Boiss. & Reut.) Nyman – uma subespécie que se distingue pelo facto de ter o par superior de folhas sob a inflorescência, distintamente caudado; as folhas são mais pontiagudas; a face inferior é mais azulada; as folhas jovens pubescentes em ambas as páginas. Ocorre no centro e sul de Espanha, sul de Portugal e noroeste de África.
A madressilva-das-boticas é a hospedeira da borboleta almirante-branco
Apesar de a madressilva-das-boticas ser visitada por abelhas, são as borboletas nocturnas que asseguram a polinização. A madressilva-das-boticas é a planta hospedeira para a desova da rara borboleta almirante-branco (Limenitis camilla), e outras borboletas nocturnas.