Buxus sempervirens – Buxo
10 Abril 2016Celtis australis – Lódão-bastardo, Agreira
10 Abril 2016Castanheiro, Reboleiro
Família: FAGACEAE
Nome científico: Castanea sativa Mill.
Publicação: 1768
Grupo: folhosa caduca
Nomes vernáculos: castanheiro, reboleiro, castanheiro-comum, castinceiro
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Hábito: o castanheiro é uma árvore caducifólia de porte elevado podendo atingir 35 m de altura, geralmente imponente quando adulta e isolada; possui copa ampla, frondosa, larga nos sujeitos isolados. O tronco, grosso, revestido por ritidoma que muda de cor e de textura com a idade, é espesso e direito; os ramos inferiores são compactos e de grande envergadura e os ramos superiores são torcidos.
Folhas: grandes folhas com 10 a 25 cm de comprimento por 5-8 cm de largura, caducas, alternas, simples, de forma oblongo-lanceoladas, agudas ou acuminadas, margem crenado-serradas ou serradas, têm dentes muito agudos e arqueados. São de cor verde-escuro na página superior e verde-claro na página inferior com nervuras salientes. O pecíolo é amarelado ou vermelho, e as nervuras paralelas são cerca de 20 pares.
Flores: espécie monóica com floração de Maio a Junho. Ambas as flores encontram-se no extremo dos ramos; as masculinas amarelas estão dispostas em amentilhos compridos mais ou menos erectos, possuem cerca de 10 a 20 estames; as femininas, reunidas numa cúpula espinhosa verde, encontram-se na base dos amentilhos, possuem entre 7 a 9 estiletes estreitos e brancos e são rodeadas de folhas verdes modificadas (brácteas).
Frutos: castanhas ou aquénios castanho-brilhante, encerrados numa cúpula ou ouriço, primeiro verde, depois castanho e coberto de espinhos que possui 4 valvas lobadas por onde são libertadas as castanhas – de 1 a 3 – aquando a maturação entre Outubro e Novembro. Frutifica regularmente após os 20 anos.
Gomos: globulosos, castanho-avermelhados, com duas escamas desiguais. O ritidoma dos raminhos possui numerosas lenticelas.
Ritidoma: liso e cinzento-esverdeado até aos 25-30 anos, passando depois a castanho-escuro com profundas fissuras longitudinais.
Habitat: árvore de meia luz, que se adapta facilmente a diversos tipos de clima embora os prefira húmidos, luminosos e suaves pois receia as temperaturas abaixo dos 15º negativos, tolera no entanto alguma secura e aprecia Verões quentes; prefere solos ligeiramente ácidos resultantes da decomposição do xisto e do granito e ricos em húmus, profundos, permeáveis e frescos, mas teme o calcário activo e o excesso de humidade. Possui enraizamento pivotante e profundo.
Ocorre até 1000 metros de altitude e mais.
Propagação: propaga-se por semente e rebenta bem pela touça e raízes; tem crescimento rápido até aos 50/60 anos e mais lento depois, pode viver até 1500 anos.
Distribuição geográfica: zona natural difícil de delimitar devido à sua propagação desde tempos remotos pelo homem. É actualmente natural na Europa Oeste e Sul: Espanha, França, Córsega, Itália, Ex-Jugoslávia, Roménia e Hungria, Ásia Menor: Turquia e África do Norte: Marrocos e Argélia.
Em Portugal: espontâneo ou cultivado em soutos, o castanheiro está espalhado um pouco por todo o País, inclusive as ilhas onde foi introduzido, no entanto assistiu-se a um grande declínio da sua área durante o século passado. Actualmente, a sua presença mais significativa verifica-se a norte do Tejo, onde encontra condições favoráveis ao seu bom desenvolvimento: altitudes superiores a 500 metros e com baixas temperaturas no Inverno. Tem expressão em Trás-os-Montes, Beiras e Alto Alentejo, também está presente no centro: serra de Lousã, de Sintra e Leiria, assim como na serra de Monchique, no Algarve.
Segundo escavações arqueológicas recentes feitas em castros celtas, o castanheiro já existia entre nós antes da chegada dos romanos, o que contraria a tese afirmando a introdução deste na Península durante a Romanização.
Usos: espécie florestal que produz excelente madeira de cor escura, pesada e boa de trabalhar. Utilização em marcenaria, tanoaria, soalhos, tornearia, mobiliário construção naval e mais. As varas obtidas em talhadia de ciclo curto podem ser utilizadas em cestaria e outros objectos de verga. Frutos comestíveis.
Castanheiro: Souto-manso e castinçal
Existem dois vocábulos para designar os povoamentos de castanheiro. Aos povoamentos vocacionados para a produção de castanha, dá-se o nome de “souto-manso” enquanto que os povoamentos vocacionados para produzir madeira é o “castinçal”.
A diferenciação dá-se por volta dos 3 a 4 anos de vida, quando para obter um castanheiro-manso é necessário proceder à enxertia de um bravo. Em Portugal existem predominantemente cerca de 20 variedades de castanheiro-manso, mas, no total, são conhecidas mais de uma centena. O castanheiro-manso destina-se à produção de fruto. Os entendidos dizem que as variedades portuguesas de castanheiro produzem as melhores castanhas que se conhecem, e são muito consideradas no comércio mundial, nomeadamente nos núcleos de emigração portuguesa.
As variedades: Judia, Longal e Côta, são consideradas de melhor qualidade alimentar e de maior valor comercial.
Castanheiros monumentais
Temos entre nós alguns exemplares de castanheiros monumentais nos distritos de Bragança, Viseu e Guarda, cujos troncos têm circunferências com cerca de 10 metros e as copas conseguem abrigar várias dezenas de pessoas. São castanheiros centenários que parecem querer cumprir o dito do povo que diz que “um castanheiro leva 300 anos a crescer, 300 a viver e 300 a morrer”.
Toponímia
A presença do castanheiro está bem patente na toponímia de Portugal onde aparecem frequentemente designações como Souto, Castanheiro ou Castanhal. Só com a designação de Souto há mais de três centenas de menções toponímicas.
Doença da tinta
Em certas zonas, devido à doença da tinta, o castanheiro tem tendência a desaparecer. A plantação de castanheiros tem recebido apoios estatais e incentivos financeiros, principalmente com o objectivo de produzir madeira (castinçais), através de talhadias de média a longa duração, desta forma, a área total de castanheiro no nosso País, ronda os 35 mil hectares. A nível de povoamentos, há a destacar a região do nordeste transmontano, onde existem cerca de 12.500 ha, e a serra de São Mamede, antes dos fogos de 2003, considerada um verdadeiro “santuário do castanheiro”.
Actualmente a Itália possui a maior área florestal europeia de castanheiros, atingindo várias centenas de milhares de hectares.