O alvarinho uma espécie florestal por excelência
Excelente espécie florestal que raramente se encontra em povoamentos puros. O seu inúmero cortejo arbóreo vai do bordo, da aveleira, do carvalho-negral (Quercus pyrenaica)… em Portugal, ao carvalho-alvar ou carvalho-de-flores-sésseis (Quercus petraea), noutras partes da Europa, nomeadamente França e Bélgica, podendo hibridar com estas e mais quercíneas. O carvalho-roble constitui magníficos bosques caducifólios mistos; criando um “ecossistema carvalhal” suportando um grande número de formas de vida onde desempenha um importante papel na sobrevivência de quantidade de animais e de plantas, sendo todas as suas partes utilizadas, folhas, casca, raízes, podem abrigar aves, insectos, invertebrados (larvas), musgos, fungos, etc. As suas bolotas são comestíveis e apreciados por mamíferos e aves, constituindo uma grande fonte de alimento; também serviu na alimentação humana durante a pré-história.
Os híbridos do alvarinho
Como muitas outras quercíneas o carvalho-alvarinho tem alguma tendência à hibridação com outras espécies do mesmo género, o que dificulta o estabelecimento claro da sua área de distribuição. Alguns autores consideram que existe variedades dentro da espécie. Em Portugal híbrida-se com a Quercus pyrenaica e produz híbridos férteis designados por Quercus x andegavensis Hy; híbrida também com Quercus faginea, produzindo Quercus x coutinhoi, cujas folhas têm lobos arredondados curtos levemente agudos.
O Carvalho-alvarinho nas culturas europeias
Este carvalho teve uma importância de relevo nas culturas europeias passadas e presentes. Uma das mais fortes imagens que permanece na memória colectiva dos europeus são as assembleias e práticas de druidas sob a frondosa folhagem dos alvarinhos. Mais tarde, o cristianismo “converteu” colossais robles centenários, com fuste de vários metros de circunferência em capelas. Durante o período medieval, quando a aristocracia começou a justificar o seu poder social, muitas famílias nobres não hesitaram em solicitar falsas genealogias de ascendência divina. Algumas escolheram representar as folhas e as bolotas do carvalho-alvarinho nos seus brasões e armas. Por dupla analogia, apoderavam-se simbolicamente do prestigio da divindade à qual era consagrado o roble como Zeus, Júpiter e Dagda, (deus celta cuja reminiscência perdurava numa Europa em vias de total cristianização) e da força que emerge desta bela e poderosa árvore.
O alvarinho na toponímia
É possível ver bosques desta espécie no Parque Nacional Peneda-Gerês, no Parque biológico de Monsanto em Lisboa e na restante área natural, onde persiste na toponímia e nos apelidos a importância desta espécie relacionada com a vida das populações. Citamos alguns topónimos mais comuns: Carvalha, Carvalhas, Carvalhal, Carvalheda, Carvalhelhos, Carvalhiça, Carvalhido, Carvalho, Carvalhos, Carvalhosa, Reboredo, Roboredo, Robledo e demais.