Acer campestre – Bordo-comum

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Acer monspessulanum – Zêlha
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Acer platanoides – Bordo-da-noruega
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Bordo-comum

ABREVIADO

É o mais comum dos bordos da Europa, mas raro por cá. O bordo-comum, ou ácer-menor ou ainda ácer-silvestre, pode ser confundido com a zêlha (Acer monspessulanum). É uma espécie europeia com copa densa, muito ampla; folhas de cinco lóbulos e sementes aos pares opostos, dispostas horizontalmente. Como os outros membros desta família botânica, no Outono, veste-se de dourado ou laranja. No entanto, fica aquém das cores extraordinárias dos seus parentes norte-americanos ou japoneses. Tem o porte de um grande arbusto ou de uma pequena árvore de 10 a 15 metros de altura. Cresce em bosques claros, matagais e baldios, com preferência por solos calcários.

 

Família: SAPINDACEAE

Nome científico: Acer campestre L.

Publicação: 1753

Grupo: folhosa caduca

Nomes vernáculos: bordo-comum, ácer-comum, ácer-menor, ácer-silvestre

Hábito: árvore ou grande arbusto de folha caduca que excepcionalmente alcança 20 metros de altura; geralmente tem porte inferior a 10 m; possui copa densa e muito ampla, ovado-arredondada; raminhos acastanhadas, finos, lisos com lenticelas; apresentam por vezes caneluras longitudinais suberosas, com vários milímetros de espessura que desaparecem depois. Ramos erectos. Tronco curto, recto ou sinuoso, grosso, com mais de 75 cm de diâmetro; tem ritidoma primeiro liso ou estriado e avermelhado, posteriormente cinzento ou castanho-avermelhado; torna-se com o tempo escamoso, desprendendo-se em placas.

 

Folhas: caducas, simples, opostas, glabras e algo coriáceas, palmatilobadas com longos e finos pecíolos verdes ou avermelhados até 9-10 cm, que exsudam um fluxo leitoso, se quebrados; limbos de 3 x 12 cm, com 5 lóbulos, ocasionalmente 3, desiguais profundos e obtusos, de contorno ovado, margem sinuada ou irregularmente serrada, frequentemente ciliada; os 3 lóbulos centrais, maiores, são oblongos e providos de 2 dentes laterais e simétricos junto ao vértice; os basais são menores e por vezes ausentes; 5 nervuras principais salientes; base do limbo cordada, com leve pubescência nas nervuras; verde-escuras e baças na página superior, verde mais pálido na inferior. Ficam amarelas a douradas no Outono.

Flores: espécie monóica com pequenas flores pouco vistosas verde-amareladas, longamente pediceladas; 5 a 20 flores agrupadas em corimbos terminais erectos e pubescentes; polígama (o mesmo pé, apresenta flores femininas, flores masculinas e flores hermafroditas), com 5 sépalas, 5 pétalas de 3 mm e 8 estames inseridos na margem externa ou na superfície do disco nectarífero. Floração muito melífera de Março a Maio; aparecem na mesma altura que as folhas.

Maturidade reprodutiva por volta dos 20 anos.

Frutos: fruto seco, globoso, indeiscente, monospérmico, chega à maturidade em Setembro e Outubro. As sâmaras (duplas sâmaras ou dissâmaras), são glabras e com asas membranosas horizontais, de contorno arredondado, formam entre elas um ângulo aproximadamente raso de 160°- 220°; tendo cada sâmara 2 a 5 cm de comprimento, com pedicelo de 4 cm; verde-avermelhado a vermelho quando jovens e castanho-avermelhado na maturidade; mantêm-se na árvore, depois da queda das folhas.

Gomos: opostos, ovóides, pequenos, ± 0,3 cm, cobertos por escamas cinzentas ou castanho-beige com pubescência no topo, sem viscosidade.

Ritidoma: liso ou estriado, avermelhado quando jovem; depois acinzentado ou castanho-avermelhado, torna-se fissurado, escamoso e suberoso, desprendendo-se em placas.

 

Habitat: árvore rústica de plena luz que tolera o ensombramento. Aprecia climas quentes. Espécie típica da fronteira entre as condições continentais e mediterrânicas, onde é substituída pela zêlha. É uma calcícola típica adaptada a solos calcários pobres, pedregosos, frescos ou secos e ainda margas ou substratos descarbonizados. Enraizamento pivotante e divergente. Ocorre pontualmente em matos e bosques abertos, caducifólios ou mistos; nas zonas colinosas, encostas soalheiras, orlas de matas, bermas de caminhos, montes e montanhas baixas; plantado como corta-vento ou em sebes; aceita bem a poda. Suporta o vento e resiste ao frio : -24° C, mas raramente ultrapassa os 1200 m de altitude (± 1000 m no resto do continente).
Suporta a poluição urbana.

Propagação: por semente, mergulhia, estaca; rebenta do cepo; naturaliza-se facilmente se as condições ecológicas e o homem o permitem. Crescimento lento, podendo viver até 150 anos ou mais.

 

Distribuição geográfica: espécie presente em quase todo o continente europeu, excepto o extremo norte. Encontra-se naturalizado na Irlanda e possivelmente em Portugal, sudoeste da Ásia (Ásia menor e Cáucaso) e norte de África (Argélia).

Em Portugal: os botânicos supõem que só as populações de bordo-comum da serra da Arrábida são autóctones. As restantes populações existentes no País (Beiras e Trás-os-Montes), foram introduzidas e naturalizadas.

 

Usos: o bordo-comum, naturalizado ou plantado como árvore ornamental, encontra-se em parques e jardins, em alinhamento nas avenidas e alamedas, bem como em sebes e beiras de caminhos, mais raramente entre nós como árvore florestal. A partir de finais de Outubro-Novembro as folhas exibem uma interessante coloração amarela e dourado, antes de caírem no fim do Outono. Possui flores muito melíferas com néctar abundante.

Como os outros áceres, a madeira do bordo-comum, é de boa qualidade; a mais dura de todos os áceres, densa de 0,62 a 0,90 kg/dm³, compacta, clara (tons castanhos, branco-avermelhados), homogénea com uma granulação fina, fácil de trabalhar e de polir. Utilizada em pequenos trabalhos de marcenaria, embutidos, carpintaria, torneamento, folheados e no fabrico de instrumentos musicais.

 

o bordo-comum, uma árvore europeia

O bordo-comum, que os romanos chamavam “silvestre” porque o encontravam frequentemente nos campos, continua a ser uma árvore (por vezes arbusto) muito comum na Europa continental e sul da Grã-Bretanha, indo dos Montes Cantábricos à Rússia ocidental.

MAPA DE DISTRIBUIÇÃO DO BORDO-COMUM NA EUROPA

Distribuição nativa – População isolada – Introduzida e naturalizada

https://en.wikipedia.org/wiki/File:Acer_campestre_range.svg

Embora não haja qualquer indicação no mapa acima apresentado da existência desta árvore no nosso território, sabemos que cá existe. Aparentemente sem saber se entre os núcleos existentes, alguns são ou não autóctones, como os da serra da Arrábida (será importante!), a que poucos botânicos nacionais se referem.

O que sabemos é que esta árvore em boas condições de crescimento, pode também ser considerada como árvore florestal, chegando aos 20-25 m de altura e cujo desenvolvimento é lento, cerca de 9 m de altura por 3 de largura em 20 anos. A sua madeira possui excelentes qualidades mecânicas; retém a humidade dos solos que preserva e permite à fauna e flora de ter espaço necessário que a medíocre monocultura do eucalipto lhes retira em Portugal. Se de facto encontramos frequentemente esta árvore nas bermas dos caminhos e orlas de matas na restante Europa, pessoalmente, tenho-a visto também repetidamente como árvore florestal, talvez de segunda ordem. No combate à eucaliptalização do País, toda a família das aceráceas europeias pode ser valorizada, plantando-as, pois não possuem carácter invasivo.

Resiste à poluição urbana.

 

 

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