Há um murmúrio na floresta,

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HÁ UM MURMÚRIO NA FLORESTA,

Há um murmúrio na floresta,
Há uma nuvem e não já.
Há uma nuvem e nada resta
Do murmúrio que ainda está
No ar a parecer que há.

É que a saudade faz viver,
E faz ouvir, e ainda ver,
Tudo o que  foi e acabará
Antes que tenha  o que esquecer
Como a floresta esquece já.

    (8-3-1931)
Fernando Pessoa (1888-1935),
in “Poesias Inéditas” (1930-1935), Ática, 1955 (imp. 1990).