OLIVEIRA-BRAVA: ABREVIADO
A oliveira-brava é um endemismo madeirense, que se encontra também nas outras ilhas do arquipélago, Porto Santo e Desertas. É um arbusto com cerca de 3 metro de altura, que aparentemente não foi aproveitado para a produção de azeitonas e de azeite, pois poucas referências existem da sua utilização como porta enxerto da oliveira europeia.
Recentemente, em 2002, adquiriu estatuto de espécie. Tem Nome binomial específico e foi separada da oliveira das canárias. A sua abundância, outrora, na costa sul da Madeira, levou os botânicos a nomear a floresta original de “zambujal”. Esta floresta hoje muito degradada devido à acção humana, possui características próprias: fraca pluviosidade, temperaturas mais altas e substratos pouco profundos e rochosos. No entanto, ainda é possível observar vestígios deste coberto florestal em ravinas, na vila da Calheta e no Vale da Ribeira Brava.
DESCRIÇÃO
Espécie arbustiva a arborescente de folha perene, até 2,5 metros, ou mais de altura, mas frequentemente tem porte arbustivo. Possui copa densa, ramosa, arredondada a irregular; com ritidoma quando jovem glabro, acinzentado, ramos e galhos erectos, flexíveis, delgados e também cinzentos, com numerosas lenticelas pequenas.
Folhas opostas de 1-10 x 0,3-0,4 cm, subsésseis a fracamente pecioladas, lineares, lanceoladas, acuminado-cuspidadas, revolutas nas margens, de 1 a 10 centímetros de comprimento, sem nervuras pronunciadas, coriáceas; verde-acinzentadas na página superior e branco-prateado na página inferior.
Pequenas flores regulares, pouco pediceladas, hermafroditas, de corola branca, com cerca de 4 milímetros de diâmetro, com 4 pétalas estreladas e soldadas na base, com 4 lóbulos; 2 estames de filamentos curtos, 2 anteras amarelas saindo pouco do tubo da corola, agrupadas em panículas axilares de 2 a 4,5 centímetros de comprimento .
A época de floração ocorre de Março a Junho.
O fruto é uma drupa elipsóide a oval, lustrosa, de 9 a 12 mm de diâmetro e 12 a 22 mm de comprimento, pouco carnuda, primeiro verde e negra quando madura. Cada fruto contém um único caroço fusiforme e rugoso. Os frutos são espalhados por várias espécies de animais, principalmente aves.
Tem gemas opostas, ovóides, muito pequenas, acinzentadas e tomentosas.
Tronco e ramos glabros, onde domina o branco-acinzentado. Com a idade o ritidoma torna-se gretado e fendilha longitudinalmente. Os raminhos são verde-acinzentados e tetragonais.
ECOLOGIA
Arbusto de plena luz, com grande resistência à seca e ao calor. Desenvolve-se nas cotas mais baixas e escarpas rochosas da encosta Sul da ilha, que é a mais soalheira; entre os 0 e 200 metros de altitude, embora possa chegar aos 500 metros.
A oliveira-brava ocorre em cristas rochosas e escarpas, aceita substratos incipientes e pedregosos da Madeira, de Porto Santo e Desertas, onde pode viver vários séculos.
Propaga-se por semente, por estaca, renova bem pelo cepo.
DISTRIBUIÇÃO
Trata-se de uma espécie endémica do arquipélago da Madeira, muitas vezes despercebida, rara e característica do zambujal.
Na vertente sul da ilha, dos 0 até os 200-300 m de altitude, mas apenas até aos 100 metros, na vertente norte. O tipo de vegetação potencial, ou seja, a vegetação que existiria naturalmente sem a intervenção humana, seria uma floresta indígena madura dominada pela oliveira-brava da Madeira (Olea maderensis) denominada Zambujal. Actualmente é possível observar alguns exemplos deste tipo de floresta bem preservados na Ribeira Brava.
USOS
Como as restantes árvores da mesma família das “oleáceas”, a oliveira-brava possui madeira dura, de grande qualidade e cor, com utilização na confecção de ferramentas e de alfaias agrícolas.
Ao contrário das azeitonas das oliveiras (Olea europaea subsp. europaea var. europaea) os frutos da oliveira-da-rocha não são usados para alimentação humana.
ADICIONAL
O Zambujal
O Zambujal é o coberto vegetal que ocupa as altitudes mais baixas da Madeira. A árvore dominante é o zambujeiro ou oliveira-brava (Olea maderensis). O clímax desta comunidade vegetal corresponde a micro-bosques ou matagais infra-florestais dominados por arbustos perfeitamente adaptados a condições de falta de água e de temperaturas mais elevadas no andar termomediterrânico seco ou sub-húmido inferior da ilha da Madeira.
Integram esta comunidade arbórea, ou clímax, para além da oliveira-brava, arbustos, tais como a figueira-do-inferno (Euphorbia piscatoria), as duas espécies endémicas de buxo da rocha (Maytenus umbellata e Chamaemeles coriacea), a malfurada (Globularia salicina), o massaroco (Echium nervosum), o esparto (Asparagus scoparius), a perpétua (Helichrysum melaleucum), o quase extinto dragoeiro no meio natural (Dracaena draco), entre outros. A área potencial de desenvolvimento do Zambujal é maior na vertente Sul da ilha. Actualmente, este tipo de vegetação encontra-se num estado de degradação notório, devido à actividade humana, nomeadamente o uso do território para a agricultura e na expansão urbana. É possível encontrar alguns vestígios desta floresta em ravinas declivosas, na vila da Calheta, no Vale da Ribeira Brava e Caniço.
A Oliveira da Madeira é uma Espécie Independente
Anteriormente, era considerada uma subespécie de oliveira europeia típica das Ilhas Canárias e da Madeira (Olea europaea subsp. cerasiformis) ou uma subespécie única da Madeira (Olea europaea subsp. maderensis). No entanto, desde 2002, tanto a oliveira-da-madeira (Olea maderensis) como a oliveira-das-canárias (Olea cerasiformis) são consideradas espécies independentes.
Sinónimos:
Olea europaea L. var. maderensis Lowe (1838)
Olea europaea subsp. maderensis (Lowe) O.E.Erikss., A.Hansen & Sunding (1979)
Olea europaea subsp. cerasiformis