DRAGOEIRO
O dragoeiro é uma árvore de aspecto invulgar que possui uma origem fantástica segundo a mitologia grega. De facto, a árvore-dragão é uma planta duplamente mítica. Primeiro pelo seu nome científico, evocativo da sua origem lendária: Dracaena vem do grego drakaira, termo que designa o dragão feminino, e de draco que em latim significa dragão. Ao que diz uma das versões do mito “Os Doze Trabalhos de Héracles”, o dragoeiro teria nascido do sangue de Ládon, o dragão de cem cabeças, que vigiava e impedia a entrada no Jardim das Hespérides aos estranhos, onde se encontravam as maçãs de ouro. Com o fim de realizar o décimo primeiro dos doze trabalhos, que consistia na colheita de três pomos de ouro, Héracles matara Ládon. Os antigos localizavam o Jardim das Hespérides, numa ilha situada no “limite” ocidental do mundo. Provavelmente o actual arquipélago das Canárias. A segunda origem fantástica desta árvore, vem da particularidade da seiva, que depois de oxidar por exposição ao ar, forma uma resina vermelha, que tem por nome sangue-de-dragão. Uma cor de animal, inesperada num vegetal, e que lhe valeu ser creditado com poderes misteriosos pelos alquimistas. O sangue-de-dragão, foi no passado comercializado na Europa como corante e com fins medicinais a preços bastante elevados.
Árvore endémica dos arquipélagos da Madeira, Canárias, Cabo Verde e provavelmente dos Açores, encontra-se em grande perigo no meio natural. O dragoeiro atinge 20 m de altura, podendo viver cerca de 600 anos; possui crescimento lento e quando adulto tem uma característica copa em guarda-sol, de 4 a 15 m de largura, similar ao do pinheiro-manso. Possui tronco cinzento-esbranquiçado, com ramificação dicotómica depois da primeira floração que surge por volta de 15 anos; flores brancas, hermafroditas e perfumadas em panículas, de Agosto a Setembro; depois da primeira floração cada ramo bifurca novamente floração após floração. As folhas são coriáceas, mas flexíveis e pontiagudas; dispõem-se em roseta terminal dos ramos mais jovens. Os frutos são bagas globosas, carnudos e alaranjados. Prefere climas subtropicais a temperados suaves, não suportando temperaturas abaixo de -4° C; requer plena exposição solar sobre solos neutros, secos, drenados, sem excesso de água. Na ilha da Madeira, onde está praticamente extinto no seu habitat, ocorria nas escarpas rochosas, terrenos pedregosos e soalheiros do litoral sul. Contudo, o dragoeiro com o seu aspecto exótico continua a ser muito cultivada como planta ornamental em jardins particulares e públicos dos arquipélagos.
Planta de fácil cultivo, pode ser usada em vasos quando jovem, ou no jardim, ao abrigo das geadas; isolado ou em grupo com espaço suficiente entre eles, devido ao tamanho da futura copa.
No continente nomeadamente em Lisboa, pode observar alguns exemplares de dragoeiros: dois no Jardim Botânico da Universidade de Lisboa, um no Parque do Monteiro-Mor, actual Museu Nacional do Teatro e da Dança e dois outros no Jardim Botânico da Ajuda.
Família: ASPARAGACEAE
Nome científico: Dracaena draco (L)
Publicação: 1767
Grupo: folhosa perene
Nomes vernáculos: dragoeiro, árvore-dragão, dragoneiro, drago