A um Negrilho

A um Carvalho
27 Março 2016
Um Renque de Árvores
27 Março 2016
A um Carvalho
27 Março 2016
Um Renque de Árvores
27 Março 2016

A UM NEGRILHO

Na terra onde nasci há um só poeta.
Os meus versos são folhas dos seus ramos.
Quando chego de longe e conversamos,
É ele que me revela o mundo visitado.
Desce a noite do céu, ergue-se a madrugada,
E a luz do sol aceso ou apagado
É nos seus olhos que se vê pousada.

Esse poeta és tu, mestre da inquietação
Serena!
Tu, imortal avena
Que harmonizas o vento e adormeces o imenso
Redil de estrelas ao luar maninho.
Tu, gigante a sonhar, bosque suspenso
Onde os pássaros e o tempo fazem ninho!

 

Miguel Torga (1907-1995),
in “Antologia Poética”, 5a ed., Dom Quixote, 1999.