Entre o luar e o arvoredo,

Entre o luar e a folhagem,
18 Setembro 2015
Entre o luar e a folhagem,
18 Setembro 2015

Entre o luar e o arvoredo

Entre o luar e o arvoredo,
Entre o desejo e não pensar
Meu ser secreto vai a medo
Entre o arvoredo e o luar.
Tudo é longínquo, tudo é enredo.
Tudo é não ter nem encontrar.

 Entre o que a brisa traz e a hora,
Entre o que foi e o que a alma faz,
Meu ser oculto já não chora
Entre a hora e o que a  brisa traz.
Tudo não foi, tudo se ignora.

Tudo em silêncio se desfaz.

24-8-1930
Fernando Pessoa (1888-1935), 
in “Poesias Inéditas” (1919-1930). Ática, 1956 (imp. 1990).